Sinagoga Espírita Nova Jerusalém
Fundada em 1916 por Antônio J. Trindade
Fundada em 1916 por Antônio J. Trindade
Sinagoga é luz. Seu símbolo é a estrela maior que faz parte do nosso frontispício. A estrela cujo brilho ofusca as outras estrelas.
Ela é luz porque é a casa de Deus. E para Deus e em Deus tudo é luz, portanto tudo está às claras. A Deus tudo é claro porque é a suprema sabedoria. Então, para quem conhece tudo, nada está oculto, nada está obscuro.
E historicamente a Sinagoga surgiu no melhor momento que ela poderia surgir, porque havia uma série de circunstâncias favoráveis para que ela pudesse germinar onde foi semeada. Como vamos ver, o solo estava pronto, a terra arada com os sulcos abertos, o clima ameno e a umidade necessária.
Nosso caminho para a luz começa há alguns séculos atrás, mais precisamente entre no período que se chama Idade Média, o período que sabemos, a Igreja Católica dominava tudo. Era dona do poder espiritual, era dona do poder material, porque governava junto com os governantes; e em alguns lugares um bispo era o próprio governante.
Este período foi conhecido como “Idade das Trevas”. Quando a Igreja Católica dominou, eram proibidas as pesquisas, e o livre pensamento, sufocado. A Igreja criou uma lista de livros que eram proibidos de ler, conhecido como Índex. O Índex era formado pelos livros da filosofia Grega antiga; livros de pensadores romanos e também orientais.
Sendo o povo praticamente todo analfabeto, as bibliotecas e o conhecimento apenas existiam nas abadias.
Estamos falando de uma época onde se tinha pouco conhecimento e consequentemente muitos mitos, muita fantasia de como as coisas funcionavam e porque elas existiam. Sabemos que o homem quando não tem conhecimento se vale de crendices para entender, aplacar o medo e justificar os fatos. Um exemplo disso é que nesta época se dizia que o homem não podia navegar muito longe da costa porque logo adiante viviam seres gigantes que devoravam os navegantes.
Mas aos poucos essa situação vai se alterando. O caminho do homem é como a da planta que busca o sol. O ocidente recebe influência islâmica tendo como consequência o despertar para a busca do conhecimento, surgindo, inclusive a Universidade. Algumas desta época existem até hoje como por exemplo, Pádua de 1222, Nápoles de 1224, Oxford de 1249, Cambridge de 1284, Coimbra de 1308 e etc.
E a Igreja toma seu primeiro grande baque: no século XVI: a Reforma. Alguns religiosos importantes questionam os atos da Igreja, coisa impensável anteriormente.
A Igreja sente seu poder perder força e lança em seguida uma ofensiva chamada: Contra-Reforma. Época sangrenta, onde de cada lado católicos e protestantes buscam seu espaço. Caça às bruxas, época do “crê ou morre”: resumo: grande mortandade de inocentes, só porque não comungavam desta ou daquela religião.
E o tempo passou, as religiões foram se assentando em seus domínios, a religião, de uma forma geral, foi perdendo a importância e nasceu a época dos humanistas. A idéia nova é que o homem não deve temer a Deus e a natureza e esperar que lhe sejam revelados misticamente os saberes sobre o universo. O homem passa ao centro do universo como estudioso, como explorador do mundo, um ser dotado de razão e capaz de saber o mundo pela ciência. Deus deve ser compreendido e amado.
O século XVII foi a época em que tinha força a razão. O mundo vivia a liberdade do pensamento e nesta época o homem procurava fazer uso da sua razão plena. Surgiam as filosofias humanistas, a sociologia e a antropologia, que são ciências que estudam a evolução do homem, como ele vive e projetam um bem viver baseado na sua história e nos seus conhecimentos.
As ciências têm um grande salto: cientistas em seus laboratórios fazendo novas descobertas sobre o que antes eram mistérios. Agora o homem toma rédeas de sua emancipação: nada mais é mistério, nada mais é oculto. Agora tudo ele é capaz descobrir, é capaz conhecer. O mundo está em suas mãos, basta estudar, pesquisar e um mundo novo se descortina.
Este é conhecido como “o século das luzes” onde há expansão do conhecimento em todas as áreas.
E agora o homem quer saber de tudo, mas tudo provado. Quer saber à fundo o porquê das coisas.
Neste mundo é que nasce o Espiritismo. O espiritismo nasce no seio da ciência. Em abril de 1857 quando Allan Kardec publica seu primeiro livro “O Livro dos Espíritos” o mundo vivia o auge da sua expansão científica.
O Espiritismo é uma palavra reservada criada por Allan Kardec para designar o “estudo da vida dos espíritos e sua relação com os encarnados”.
Daí, afirmamos que o espiritismo não é uma religião. Uma religião necessariamente precisa de dogmas. Dogmas são afirmações/conceitos pré-definidos, das quais não se pode questionar, nem as recusar. Por exemplo, na religião católica temos o ritual do batismo dos bebês para que estes tenham acesso ao céu. Na adolescência a criança deve renovar esses votos com a primeira comunhão. Assim, o dogma é a Igreja tem poder de salvar o bebê do fogo do inferno, o mito é que somente sendo católico se vai ao céu e o rito é a cerimônia do batismo.
Para o protestante, Jesus morreu levando nossos pecados; isso quer dizer que não importa qual bobagem fazemos aqui, não carregamos nenhum pecado porque Jesus já os levou todos. E isso é um dogma também: não se pode questionar, não se pode negar.
O Espiritismo, não tem dogmas. Por ser derivado da ciência, tudo pode ser questionado, investigado, estudado e experenciado. Tudo é demonstrado à luz da razão.
A religião formal tem ritos. Isso significa que há práticas obrigatórias para se fazer parte da religião. Existe sempre uma crença (ou um mito) que para perpetuá-lo é incluído um ritual.
O espiritismo não tem ritos. Nada é obrigado a se fazer na doutrina.
E assim o espiritismo vem trazer luz sobre o último baluarte do conhecimento: o espírito. Agora podemos estudar quem somos, de onde viemos e para onde vamos! Agora se revelou um outro mundo onde antes, apenas os adivinhos, os magos, os feiticeiros tinham acesso e manipulavam. Agora vamos estudar o outro mundo à luz da ciência, à luz da razão.
E sabemos qual era a situação daqueles que interagiam com o outro mundo: eram taxados de loucos, de lunáticos, de endemoniados, carregados de estigmas e preconceitos. E agora podemos entender este mundo de outra maneira, através da ciência, através, do estudo.
E se Kardec veio nos dar luz sobre quem somos e o que fazemos aqui, a Sinagoga veio dar a luz suprema ao espiritismo.
E como dissemos lá atrás que o campo estava fértil, as condições propícias, surge um homem preparado, o fundador desta casa, o Sr. Antônio José Trindade que junto com os espíritas de sua época, profundos conhecedores dos ideais de Kardec, vêm dar um passo à frente; se Kardec no seu tempo buscava provar a existência de espíritos, de sua influência nos encarnados, a Sinagoga busca apaziguar a relação entre os dois mundos: a cura para os que estão obsedados; a doutrinação e encaminhamento para os espíritos que estão perdidos e acima de tudo, fazer com que o homem tenha uma vida plena.
De um lado suprindo suas necessidades materiais para que ele não se preocupe com sua jornada aqui na Terra. E de outro lado, enriquecendo seu conhecimento espiritual de modo ao homem viver em paz aqui e confiante no seu futuro, abastecendo-o de todo o conhecimento necessário quando ele chegar ao outro lado.
E como bem disse Antônio José Trindade, “A morte não existe”, porque só existe vida. E além disso, uma boa vida, porque se viverá na luz, a luz daquela estrela grande, a luz plena.
Bibliografia