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Sinagoga Espírita Nova Jerusalém

Fundada em 1916 por Antônio J. Trindade

A Oração do Pai Nosso

Daniel Quinto

Proferida em 18 de novembro de 2017


Estudamos no Evangelho de Lucas no capítulo 11 que Jesus ensinou uma oração para seus seguidores.

Essa oração – o pai nosso, se torna então a mais importante prece para os cristãos.

Ocorre-nos, então, porque Jesus teria nos ensinado isso. Por que a prece é importante?

A prece do Pai Nosso nos é apresentada em duas oportunidades: no evangelho de Mateus e no evangelho de Lucas.

Embora a prece seja igual em ambos os evangelhos, o momento em que ela é apresentada é bastante diferente. Em Lucas, os próprios discípulos pedem a Jesus que lhes ensine uma prece, a exemplo de outros grandes Mestres no passado. Em Mateus ele está em outra circunstância – está em meio a uma série de conselhos morais aos judeus, dentre eles a esmola, o jejum, os “tesouros da Terra”, etc.

Prece
Prece

A explicação talvez seja porque o evangelho de Mateus é direcionado para os judeus, então, o povo judeu é colocado em destaque como recebedor dos preciosos ensinamentos de Deus – normalmente através dos profetas. Já o evangelho de Lucas é voltado para os novos cristãos que estavam em terá estrangeira, fora da Judéia, então o foco do ensinamento de Cristo é Universal e não voltado apenas aos judeus.

Qualquer que seja o motivo essa é a famosa prece que nos chega até hoje.

Outro ponto interessante, para conhecimento geral, é qual a diferença entre rezar e orar. Ambas as palavras vem do latim.

Orar -> orare -> “pronunciar uma fórmula ritual, uma oração, uma defesa em juízo.”

Rezar -> recitare -> “ler em voz alta e clara”.

Em português ambas são sinônimos, não tendo sentido maior o menor em qualquer uma das duas.

Rezar, então, é uma invocação, mediante a qual o homem entra, pelo pensamento com o Ser a quem ele se dirige. Pode ser para fazer um pedido, fazer um agradecimento ou fazer uma glorificação. Podemos pedir para nós ou para outrem, pelos vivos ou pelos mortos.

Cristo em Mateus também nos recorda sobre como “não deve ser” a oração:

“E, quando orares, não sejas como os hipócritas; pois se comprazem em orar em pé nas sinagogas, e às esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão. Mas tu, quando orares, entra no teu aposento e, fechando a tua porta, ora a teu Pai que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará publicamente. E, orando, não useis de vãs repetições, como os gentios, que pensam que por muito falarem serão ouvidos.Não vos assemelheis, pois, a eles; porque vosso Pai sabe o que vos é necessário, antes de vós lho pedirdes. Mateus 6:5-8”

O Pai nosso é dividido em SETE petições:

  1. Pai nosso que estás nos céus: Deus transcende. A moradia dele é um lugar externo, embora ele também esteja aqui conosco, nos guiando no nosso caminho.
  2. Santificado seja o teu nome: Devemos respeitar e glorifica-lo. Devemos sempre lembrar que ele dele emana a força e o poder, e que as coisas acontecem sempre com o Seu consentimento.
  3. Venha a nós o teu reino: Que tenhamos acesso à esse mundo. Que sejamos merecedores do bem que vem deste mundo. A perfeição, o bem, as virtudes estão neste mundo onde Deus habita e que irradia até nós.
  4. Seja feita tua vontade assim na Terra, como nos céus: Deus é a suprema sabedoria e suprema bondade. Que reconheçamos nós isso em Deus e deixemo-lo tomar as atitudes certas. Que eu respeite que a vontade de Deus é superior – que Ele sabe qual o melhor caminho.
  5. O pão nosso de cada dia dá-nos hoje: Deus que tudo vê, que tudo provém, pedimos a ele que nossa necessidade diária seja saciada. Nós somos seres desejantes, temos infinitas vontades, porém o que realmente necessitamos para viver é bem menos do que pensamos. Então é um reforço ao que Cristo disse que Deus sabe nossas necessidades e tudo provém – e na hora certa.
  6. Perdoa as nossas dívidas assim como perdoamos aos nossos devedores: Quando pecamos entramos em dívida com as leis divinas. E não nos enganemos, pagamos a todas as elas, que na justiça divina pode ser abrandada ou suavizada em várias prestações. E assim como Deus também concede perdão, nós devemos fazer o mesmo para aquele que nos deve. Assim fazemos um círculo virtuoso de perdão e bondade.
  7. E não nos deixei cairmos em tentações e livrai-nos do mal: Peçamos força e fé para não nos sujeitarmos ao erro, ao pecado aos maus vícios. Que vençamos às más paixões

E as outras coisas? Não precisa – Deus sabe das nossas necessidades e fará o que é necessário.

No livro Fatos, o Sr. Trindade pede por duas vezes – quando ele estava prestes a morrer de maleita e quando ele se encontrava sem dinheiro e pede a Deus no bonde “que lhe tire daquele sufoco” – quando então ele é sugerido que vendesse o calendário permanente.

Por que orar é importante?

Sabemos que nosso pensamento é volátil – não paramos de pensar em nenhum momento. Nosso pensamento está sempre em algum lugar, estamos sempre pensando alguma coisa. Ele é como um touro indomável.

Orar é o modo de canalizarmos nosso pensamento para esse determinado fim. Quando oramos estamos focando nosso pensamento num determinado ponto.

Pensamento é matéria, pensamento tem força – assim quando oramos estamos despejando bons sentimentos em um determinado lugar.

Aqui na Casa, nos é pedido que nos concentremos e oremos a cada 6 horas – naqueles horários que sabemos. Assim, nestes horários muitos espíritos saem recolhendo nossos bons pensamentos, nossos bons sentimentos, que fortalece o trabalho que os grandes espíritos têm a fazer.

Deus é o veículo, a fé é o combustível e nossa prece é a ignição.

Deste modo temos então a oração como meio de contato com o Divino