Fundada em 1916 por Antônio J. Trindade
O Evangelho de Marcos conta que após o nascimento de Jesus, este recebeu a visita de três reis magos que vieram de terras longínquas para adorar ao menino Jesus.
Este episódio tornou-se tão importante que em muitos lugares principalmente na península ibérica, o dia 6 de janeiro – dia de Reis é feriado nacional e também é neste dia que se faz a troca de presentes entre os familiares, e não no Natal, como é nosso costume aqui.
Essa história não é completa nos evangelhos e foi sendo construída através dos anos sucessivos.
Em princípio, pouco se sabe da origem deste Reis. Não se sabe que país que vieram, mas certamente sabe-se que foi uma viagem bastante longa, e tendo em vista as condições das viagens daquele tempo, pode-se afirmar que foi longa, cansativa e desgastante.
Por que é tão importante a visita destes Reis?
Primeiro vamos considerar o que é ser Rei. Hoje em dia temos essa figura de rei, como um chefe de Estado, mas considerado com uma figura decorativa. Embora se uma pessoa respeitável, hoje não consideramos um Rei alguém tão importante assim.
Isso porque os Reis atuais estão inseridos em outras estruturas de poder, vivemos em democracias, dividindo o seu mando com deputados, com Senadores, primeiros-ministros e figuras representantes do povo.
Mas naquela época os reinados eram totalitários, ou seja, todo o poder era da mesma pessoa, que tinha poder total e absoluto sobre todas as questões, inclusive sobre a vida e morte das pessoas.
Mas essas pessoas não eram só Reis, também eram magos, ou mágicos porque eles souberam da vinda do Messias não através de alguém que lhes tenha dito, mas como um aviso vindo dos céus.
E o mais impressionante é que como eles não sabiam o lugar onde Jesus teria nascido, foram guiados por uma “estrela” nos céus, que lhes mostraram o caminho.
Segundo o registro bíblico a estrela porém não os levou diretamente a casa do menino Jesus e sim ao palácio do cruel rei Herodes em Jerusalém na Judeia que coincidentemente desejava a morte de Jesus. Perguntaram eles ao rei sobre a criança. Este disse nada saber. Herodes alarmou-se e sentiu-se ameaçado, e pediu aos magos que, se o encontrassem, falassem a ele, pois iria adorá-lo também, embora suas intenções fossem a de matá-lo. Até que os magos chegassem ao local onde estava o menino, já havia se passado algum tempo, por causa da distância percorrida, assim a tradição atribuiu à visitação dos Magos o dia 6 de janeiro.
Outra ponto interessante é que em muitos países o “dia da mentira” é dia 28 de dezembro e não 1 de abril como conhecemos. Isso porque nesse dia, 28, seria o dia em que os Reis Magos prometeram ao rei Herodes que ia voltar para dizer-lhe onde o menino Jesus estava para Herodes poder adorá-lo. Mas, os reis foram advertidos em sonho para não voltarem pelo mesmo caminho que foram, para não encontrar com Herodes, e assim eles o fizeram. Ficou, então, marcado esse dia como o dia da mentira.
Outra revelação que a bíblia diz é que os reis trouxeram 3 tesouros que carregavam consigo, que era: ouro, incenso e mirra. Faz-nos crer que isso seria o que tinham de mais valioso para entregar ao messias que nascia.
Nada mais a Escritura diz sobre essa história, não havendo também quaisquer outros documentos históricos sobre eles.
Uma descrição dos reis magos foi feita por São Beda, o Venerável (673-735), que no seu tratado “Excerpta et Colletanea” assim relata:
Belquior era velho de setenta anos, de cabelos e barbas brancas, tendo partido de Ur, terra dos Caldeus. Gaspar era moço, de vinte anos, robusto e partira de uma distante região montanhosa, perto do Mar Cáspio. E Baltasar era mouro, de barba cerrada e com quarenta anos, partira do Golfo Pérsico, na Arábia Feliz.
E assim, durante os séculos seguintes, muitos detalhes foram sendo incluídos à história, desde a quantidade de Reis Magos que não se sabe ao certo quantos foram, mas a tradição diz que são 3, como quais Terras longínquas eles teriam vindo.
Assim como também do caráter interpretativo dos presentes: o ouro, símbolo da realeza, o incenso representa a fé, pois é usado nos cultos e a Mirra, símbolo do martírio de Jesus, porque é como se embalsamavam os defuntos.
Enfim, como na Sinagoga essa comemoração é deveras importante, tão ou mais como o próprio Natal, encontramos a explicação nos artigos da Alvora d’Uma Nova Era, onde o Sr. Trindade nos traz:
"Como sempre aconteceu e ainda acontece, reis e governantes são dirigidos por uma casta, não de políticos, mas de magos. Os reis não tomavam uma resolução de vulto sem consultar esses homens.
Também havia médiuns que assim procediam do que são exemplos manifestos a visita destes três vultos históricos.
E como tal acontece hoje, em que pelos médiuns se recebem as premonições mais interessantes e advertências de pequenos e grandes acontecimentos a desencadear-se na Terra, da qual se queria ter a prova, que preparassem seus camelos, pusessem pés no caminho, atravessassem o deserto, seguissem a estrela que do alto os guiaria, e deixariam para a posterioridade essa prova de belíssima assistência espiritual e do que pode a criatura, quando sabe pelo coração e pelo amor, estar em contato com o Criador.
Embora habitando pontos distantes e soubessem quanto era temerário tal viagem, ei-los confiantes no Alto, pondo-se a caminho até que, finalmente, um dia sentiram-se felizes e prontos a partir para o Além, por tudo terem conseguido na vida, pois a cúpula de seus ideais foram conseguidos, quando viram sobe as singelas palhas a criatura que esperavam encontrar em maios coxins e suntuoso palácio, rodeado de conforto e riqueza.
Eis o exemplo que todos nós, hoje, como sempre, devemos seguir, imitando a esses homens que tudo sendo em seus países, abandonaram as posições e riquezas que possuíam em busca daquele que sabiam ir baixar à Terra, embora longe, tão longe, que não tinham a certeza de chegar, tal a distância entre o ponto de partida e o de chegada, entre a promessa recebida do Alto e a realização a conseguir ou não.
Mas lá estava a sua fé. Por isso conseguiram. Nós devemos seguir seu exemplo."
Bibliografia