Estamos num tempo onde há a oportunidade de começarmos a olhar ainda mais pra dentro, e o mais importante, para cima. O Natal sempre traz para nós o clima coletivo de reconciliação, perdão para com o próximo e conosco mesmo... Nesta época temos o costume e até mesmo inércia de voltar às nossas origens, de rever algumas memórias e situações passadas, que podem ser "sombras", como dores e mágoas, mas também certamente nós olhamos mais uma vez, mais aproximadamente para os nossos valores e crenças das mais sublimes e positivas que possuímos. O Natal costuma trazer a oportunidade de nos reconectarmos com nossa espiritualidade e fé, e também, pela nossa crença, a nossa religiosidade.

Minha palestra é curta e esta noite eu vou elaborar com vocês uma metáfora. Antes de qualquer coisa, vou pedir para que, nos próximos minutos, você permita imaginar uma tela de cor branca, e imagine que está vendo, assistindo a um filme. Durante os próximos minutos, talvez você consiga visualizar este filme acontecendo ou talvez você consiga se imaginar participando dele.

Vou tentar transporta-los para um tempo diferente do agora, pelo menos em pensamento. Durante esta noite, talvez vocês possam, então, resgatar memórias, algumas cenas que já estão aí latentes quando eu menciono que o tema é Árvore de Natal, e outras que talvez já possa ter esquecido e que podem até mesmo despertar sensações físicas e emocionais diferentes daquelas que você estava sentindo quando entrou aqui, hoje à noite. Quero convidá-los também a conectar alguns acontecimentos que parecem simples do seu cotidiano a alguns preceitos, que eu considero especiais, do nosso Mestre Jesus Cristo. Meu objetivo, minha missão, nesta noite é que eu consiga contribuir um centímetro a mais à caminhada espiritual de cada um de nós, de mim e de vocês.

Pois bem, amigos. Estamos prestes a erguer e levantar a nossa árvore de Natal. Mesmo que aqui, amanhã, no domingo, seja uma árvore de plástico, de "material não vivo", eu acredito que você consiga se lembrar de algumas regras básicas de jardinagem se eu lhes perguntar: "como plantar uma árvore?". Eu acho que você deve se lembrar que para uma jardinagem você deve, primeiro, ter um terreno amplo, de tamanho adequado, uma terra nutrida, fértil, arada, mas também que seja firme, e que esteja com a umidade exata, na posição certa do sol, avaliando a luminosidade necessária para cada tipo de planta... Você sabe que para fazer essa jardinagem deve estar, também, em posse das ferramentas, materiais e utensílios ideais para você manusear e realizar a tarefa da forma mais eficiente que puder, podendo ser uma enxada ou uma pazinha de mão talvez. E, claro, já antes de mais nada você escolheu a semente certa para o que deseja plantar, ver crescer e colher. Certo? Vocês concordam que, de maneira simples, estes são passos importantes para ter sucesso em qualquer colheita?

Pronto. Neste momento você já deve ter se recordado de alguma lembrança e talvez imagens tenham surgido na sua tela mental onde teve a oportunidade de estar com as mãos cheias de terra, praticando o que eu chamei agora de jardinagem.

Tente associar esta atividade e fazer uma rápida reflexão agora: você por acaso já percebeu que em sua vida, todos os dias, você tem a oportunidade de realizar este preparativo e esta "jardinagem" em diversos momentos? Vou convidá-los a refletir, agora e talvez você consiga pensar, ver, voltar às memórias e, talvez, até mesmo sentir o que eu estou dizendo.

O primeiro passo, como eu lembrei há pouco, pode ser o de escolher o terreno. O terreno ideal deve ser amplo, fértil, com os nutrientes necessários, para que toda semente possa germinar, as raízes possam crescer e se expandir fortemente e livres... Certo? Então agora eu lhes pergunto: quantas vezes você conscientemente escolhe aonde está e para onde você está indo?

Repito a questão: quantas vezes você sentiu conscientemente que estava no lugar que escolheu e que estava indo exatamente na direção em que quis?

Sendo assim: você têm consciência e está realmente presente aonde pisa e onde escolhe ficar? Eu convido você a lembrar e olhar o ambiente do seu trabalho, os ambientes da sua casa, dos lugares onde passeia, das casas de familiares e amigos que frequenta. Você esta feliz onde pisa, onde fica, e onde escolhe caminhar, no seu dia a dia?

Concordamos há pouco que é importantíssimo onde escolhemos colocar nossos pés (e consequentemente nossa alma toda) para que possamos crescer, evoluir nos nutrir. Vocês estão escolhendo aonde vivem? Vocês estão validando e valorizando os ambientes que você está enraizado de forma consciente?

Quero, portanto, que você reflita também sobre onde estamos exatamente agora. Percebam aonde vocês estão. Este que é um solo sagrado, a Casa prometida às ovelhas desgarradas, o terreno fértil e arado pelo próprio Mestre. Se tem um solo onde você pode pisar de maneira sagrada e agradecer por todos os nutrientes que Deus lhe dá é este que, posso supor, que você mesmo escolheu e ainda escolhe, e que lhe foi permitido por mais este dia que estarmos aqui.

Eu não preciso conhecer a história íntima de cada um, mas posso garantir que você conscientemente vem aqui por algum motivo que está acima de algumas características de ambiente. Você pode confirmar a você mesmo quais nutrientes esta Terra já lhe deu. O que você já recebeu vindo Dele, Daqui. Talvez você já tenha se conscientizado de que recebe Abrigo, que recebeu saúde (sua e de algum familiar querido), proteção. Talvez você venha aqui pois em sua própria história já validou a Guiança que recebeu vinda desta Casa, deste solo que você também pode considerar como sendo sagrado, pois você pode sentir que coloca os pés aqui para estar um dia mais, um passo a mais, próximo do seu Mestre, de suas crenças, de sua religiosidade, do seu Deus.

Meu convite agora é que para que você sinta pelo que você é grato e honre onde os seus pés estão tocando exatamente agora. Particularmente eu posso lhes confessar que Daqui eu recebi e recebo a Luz, o Amor e o Caminho que preciso para vencer a vida. Você é o único que sabe a sua própria história, mas temos em comum exatamente isto: este solo nos une. Da mesma forma como estamos aqui hoje (encarnados e desencarnados) e recebemos os mesmos divinos nutrientes, e isto nos liga, nos conecta e nos une. Minha intenção é para que você se conecte a isto é honre está terra fértil, arada, firme, e que sinta com confiança, segurança e carinho que Aqui é suaTerra, onde você escolheu estar e a oportunidade de estar aqui hoje lhe foi concedida.

Com as suas raízes aqui, talvez você possa também se conscientizar das ferramentas que mais precisa para trilhar sua jornada espiritual. Você sabe que para a jardinagem precisa de ferramentas, e para ser feliz e cursar sua evolução espiritual, missão de vida, as ferramentas que você precisa são exatamente estar de mãos dadas às pessoas que aqui estão, que tem a mesma missão que você, que estão sob o mesmo Sol e Luz do Mestre, e que vão continuar a caminhar por mais 100 anos, juntos, se assim nos for permitido. Perceba que, nesta jornada espiritual, você não está sozinho e toda alegria e dor é também a do outro. Você pode perceber que, uma vez conectados, não existe a saída de prejudicar o outro, pois você só estará se prejudicando. Ao tentar ferir o outro, você só estará ferindo a si mesmo. Você tem as mesmas raízes que eu, enque todas as pessoas que estão aqui nesta noite. Portanto, ao ouvir isto, talvez você possa se conscientizar: "o quanto você está cuidando destas pessoas?" Se são destas pessoas que você precisa para ter sucesso em sua jornada, nesta encarnação, e se estamos todos enraizados no mesmo solo, o quanto você tem sido a ferramenta positiva para a pessoa ao seu lado? O quanto você tem sido Cristão e auxiliado também a pessoa ao seu lado. Eis tudo o que precisamos para crescer e florescer: unir e crescer, todos juntos.

Bom, já que eu falei em crescer e deixar florescer, eu vou lembrar agora do ingrediente final desta nossa conversa hoje à noite, desta jardinagem. O ingrediente principal é a semente, é o que vamos escolher florescer.

Nosso Mestre, há 2000 anos, nos deixou uma semente, o mandamento e Lei: "Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo."

Vou dividir uma experiência com vocês. Claro que todos têm a sua trajetória particular e pode ter sido bem diferente da minha, eu respeito a todas. Quando eu comecei a racionalizar, a pensar, a questionar e criticar tudo que aprendia nesta Casa eu me deparei com este ensinamento. "Amar a Deus sobre todas as coisas."

Tá legal, esta parte é fácil. Particularmente eu aprendi a ter essa gratidão consciente. Para mim, Deus é a União das humanidades Evoluídas, a Fonte da Vida e do Amor, que fica lá "em cima" mas que também está em todas as partículas da sua Divina Criação (em todos nós ou em tudo que possa existir ou eu consiga pensar). Para mim, particularmente, é fácil ser crente e sentir Deus quando estou descrevendo-o assim para vocês e sendo assim, é fácil amar o Criador sobre todas as coisas que Ele criou.

Mas o meu primeiro grande obstáculo religioso foi quando eu ouvi a continuidade deste mandamento: "amar ao próximo como a ti mesmo".

Vocês já foram jovens, já foram fortes questionadores: "como eu posso amar quem roubou a bicicleta do meu irmão quando ele nunca tinha tido uma", "como eu posso amar quem me abandonou exatamente quando mais precisava", "como posso amar quem abusa sexualmente ou moralmente um menor". Ou então: "como posso amar quem sinto a inveja ou rancor", "como posso amar quem me traiu pelas costas a confiança, seja na família ou no trabalho..." Um monte de questionamento sombrio pode vir à mente quando você ainda não tem o conhecimento correto e a ignorância pode até chegar a cegar.

Mas.... Continuo dividindo com vocês o que eu entendi, o "click" luminoso veio à minha mente quando eu entendi que "Amar é o que o amor faz". "Amar" ao próximo não tem nada a ver com o sentimento de amor que você tem pela sua mãe, pelo seu filho, pelo seu marido, pela sua avó. Para mim, existe um amor que é acima disso, que tem a ver com a necessidade espiritual de estarmos todos ligados aqui e agora (em toda humanidade presente). Podem conhecer, talvez, como Amor Ágape. Vou usar uma definição do escritor James Hunter que diz "que é o amor Cristão. É o amor paciente, bom, que não se gaba, nem é arrogante, não se comporta inconvenientemente, não quer tudo só para si, não condena por causa de apenas um erro cometido, não se regozija com a maldade, mas com a verdade, suporta todas as coisas, aguenta tudo, tudo crê, tudo espera. É o amor que nunca falha."

Para ligarmos os pontos, este entendimento está no Novo Testamento, em Coríntios, Capítulo 13: "o Amor vem de Deus". Este capitulo, denominando o Amor Ágape, é encerrado dizendo: "Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, mas logo cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino. Porque agora vemos como por espelho, em enigma, mas então veremos face à face; agora conheço em parte mas então conhecerei plenamente, como também sou plenamente conhecido. Agora pois, permanecem a Fé, a Esperança e o Amor. Estes três, mas o maior destes é o Amor." (Capítulo 13, versículos de 11 a 13).

Bom. Esta é a semente que eu lhes deixo hoje. Não que eu a tenha criado, mas que hoje eu pude compartilhar e lembrar que os bolsos de vocês está farto de sementes como esta, que podem trazer o que precisamos colher neste próximo ciclo juntos. Estou dando o melhor de mim por vocês, como conforto-lhes a convidar para que também tragam o melhor Amor de vocês para darmos mais passos juntos. Que plantem, então, não só amanhã mas todos os dias seguintes, o que desejar colher e que seja com o Amor, para cuidarmos uns dos outros, Amando uns aos outros, e a Deus sobre todas as coisas, como é a intensa E maravilhosa lei do Cristo, cujo Natal comemoraremos em breve, espero que todos juntos.