Logo

Sinagoga Espírita Nova Jerusalém

Fundada em 1916 por Antônio J. Trindade

As sete palavras que Cristo proferiu na Cruz

Terceira palavra: Mulher, eis aí teu filho... João, eis aí tua mãe.

João Capítulo 19, Versículos 26 e 27

Dilcéia Martins Capel


Leandro no púlpito
Leandro Yanaconi em 11 de março de 2017

Jesus, o médium de Deus vinha ostensivamente trazer aos homens, a vontade do Pai, exemplificando a lei do amor e deixando-lhes na crença a unidade de origem, o legado de eternas verdades que são o seu evangelho.

Quando no monte das oliveiras, angustiado, fazia suplica “Pai se é possível, afasta de mim esta cálice, não se faça porem a minha vontade e sim a tua”. Era tão grande o seu abatimento moral, que um espírito de luz, materializou-se, junto ao rabino, a fim de conforta-lo.

Mestre dos Mestres baixou a este planeta, ensinando a verdade, com ricas palavras, ungidas de amor, apontando o caminho da salvação.

Reis dos Reis preferiu o manto real da virtude a púrpura que o tempo destrói, o externa fulgido da pureza ao diadema cravejado de pedraria, cujo brilho se apaga.

Semeador divino ensinou a boa semente, que bafeja do alto germinou, de onde a árvore frondejante da sua sublime doutrina, cresceu, floriu e frutificou.

Patrícia no púlpito
Patrícia Yanaconi em 24 de fevereiro de 2018

A troca, porem de tantos benefícios, sofreu a maior ingratidão, humilhações e tormentos, pelos que o aclamaram, quando no domingo de ramos entrou triunfalmente em Jerusalem, recebido entre risos, flores, ramos e palmas, que dias depois era pela mesma multidão ululante, em grito infrene, condenando sumariamente ao crucificamento sob o madeiro infame de ontem, a CRUZ o símbolo sacrossanto de hoje.

Vemos através daquela matéria flagelada e daquele corpo contundido, chagado e lastimoso refulgir em todo o seu esplendor, um espírito varonil que se altera imponente e sublime sobre os troféus da carne abatida e mortificada.

Sabia o iluminado da Galileia que a Cruz era pórtico de ouro, por onde penetraria entre legiões angélicas, aos paramos celestes.

E antes de exalar o seu último alento vendo Jesus que sua mãe ali se achava, e próximo dela, o discípulo que Ele tanto amava que era o João o Evangelista, disse a sua mãe, “Mulher, eis ai o teu filho” e voltando para o discípulo, disse-lhe “Eis ai tua mãe”.

Maria, a eleita por Deus para mãe de Jesus, que teve na terra a maior das alegrias que um coração de mãe pode desejar, mas também teve a dor maior, a mais lacerante que pode transpassar um coração amantíssimo de mãe.

Maria, que viu crescer em bondade e em sabedoria o seu filho muito amado, viu fazer curas assombrosas, pregar uma doutrina nova de amor, de perdão e de renuncia.

Viu uma multidão entusiasmada, segui-lo aclamando-o em seu delírio, mas viu também o seu amado Filho rasgar as carnes no doloroso caminho do calvário.

Ela reunia em si os requisitos essenciais para tão honroso fim porque estava cheia de graça e era bendita entre as mulheres.

Antes de encarnar o seu elevado espírito já sabia qual era a missão que tinha a cumprir na terra e sabia também que espécie de sacrifício tinha de fazer como humilde servidora do Divino Mestre.

Sabia que ia ter momentos de alegria irrefutável, de elevado prazer espiritual, mas sabia também que havia de perder o seu Filho e Senhor da maneira mais injusta.

Por isso, quando o Anjo Gabriel lhe anunciou o nascimento de Jesus com aquelas palavras “ Deus te salve, cheia de graça, o Senhor é contigo, bendita és tu entre as mulheres, pois o santo que há de nascer de ti será chamado Filho de Deus”, Maria respondeu:”Eis aqui a escrava do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra”.

Jesus indicando ao discípulo amado aquela alma peregrinamente bela, ele consequentemente, nos indicou também a nos desde que sejamos tocados pela centelha do cristianismo dos nossos sentimentos.

Cristo amava-a tanto que lhe entregou o ser a quem Ele mais estimava na terra, assim como também a ele entregava aquilo que Ele mais amava, sua Mãe.

Neles, personificava a humanidade, cheia de altos e baixos, que se levanta ali para cair um pouco mais alem, mas que por isso mesmo, necessário se faz ter a seu lado quem lhe preste apoio nas horas de amargura e de sofrimento, pois Ele sabia bem o quanto era penoso, encontrar-se uma criatura so na hora de dores, como Ele se encontrava na via crucis que tivera que suportar durante a sua prisão, julgamento e crucificação.

Tudo quanto Ele possuía, era a humanidade pela qual deixara crucificar-se.

Pois embora vendo a ingratidão com que era vendido, abandonado, crucificado, Ele, só tinha em mira a salvação dessa mesma humanidade, fazendo que mutuamente se liguem se protejam, se abracem, para que jamais se enfraqueçam os liames que Ele fornecera com a sua imolação, deixando-se abater no lenho verde.

Ele foi o termo mais alto das missões que o céu enviou a terra a mais alta encarnação da verdade terrena.

E ali estava passando, por todos os tormentos, pedindo ao Pai, para que os perdoasse porque não sabiam o que faziam.

Banhado na luz da justiça divina mostra quanto de amor e de sentimentos fraterno saturava a sua grande alma, para superar a dor que lhe cruciava as carnes e para vencer a perturbação com que os desumanos sentimentos dos seus algozes enegreciam aquele ambiente.

Esse espírito sublime que passara na terra como um meteoro de primeira grandeza, deixando na sua passagem um sulco luminoso, apostolo do bem, da verdade e do amor, que implantou nobres sentimentos em todos os corações bem formados propensos ao perdão, expirou na cruz, irradiando sentimentos de bondade e perdão.

Fechou as chagas , no entanto enche-lhe o corpo intacto de chagas.

Perdoou os malfeitores e no entanto é crucificado. Amou infinitamente todos os homens, e o ódio, pregou-o ali.

Mesmo naquele momento de suprema angustia, naquele ambiente saturado de ódio e rancor e ainda naquela incomoda posição, com a serenidade os justos pede clemência a Deus, para com todos os que o ofendiam, pois que eles mesmos haveriam de perseguir a seus discípulos.

Mas mesmo assim, Ele implora misericórdia e clemência.

Jesus amou os homens e ama-os, através de todas as ingratidões para que os homens possam viver uma vida mais perfeita mais fraternalmente sentida.

Sem a sua missão, a humanidade vagaria sem fé, sem esperança e sem caridade, e fazer ia ainda animalizada em seus instintos, perversos em suas intenções.

A cruz de Cristo na vida humana é um fato concreto, toda a autoridade vem dela.

O enviado de Deus não impôs aos homens a sua autoridade, conquistou-a na cruz.

Quando eu for levantado, dizia Ele “Atrairei todos a mim.”

Ao fulgor de sua gloria vem da renuncia máxima de seu sacrifício voluntario em prol dos pescadores.

O seu poder não dimana de outra fonte também.

Sua crucificação não foi mais do que a consequência daquele sentimento profundamente vivo e forte, daquele ideal que o dominava e absolvia, amor pela humanidade, que naquele momento estava sendo personificado pela sua mãe e o discípulo amado.

É tempo que a luz brilhe

É tempo também que Jesus ocupe o lugar que lhe pertence, que é a consciência viva de cada crente nele espera e confia.

É necessário que um intenso jorro de luzes se espalhe sobre a face da terra, e que essa mesma luz do bem dissipe as trevas da maldade, como naquela hora em que olhando e vendo o João ao lado de sua mãe, disse: “Mulher eis ai teu filho e a João eis ai a tua mãe”.